Nando Reis, de 62 anos, abordou o tema do alcoolismo durante sua participação no programa Sem Censura, da TV Brasil, exibido na sexta-feira (20). O cantor, que está há quase 9 anos sóbrio, revelou ser membro do Alcoólicos Anônimos e contou que a fase de negação da doença foi um dos principais obstáculos para conseguir se afastar do consumo de bebidas alcoólicas.
"O alcoolismo, a doença que eu sofro, é estigmatizada, tem preconceito, falta de informação. Eu, com quase nove anos de sobriedade, me sinto seguro para tratar disso, sabe? Sou uma figura pública. Em inúmeras ocasiões, já me apresentei em estado lastimável, ou seja, fui identificado com isso. Fiquei estigmatizado também", disse na entrevista comandada pela apresentadora Cissa Guimarães.
SAIU DO ANONIMATO
O cantor revelou também o que o levou a expor o tema e sair do anonimato. "Já abri meu anonimato. Sou membro do Alcoólicos Anônimos. Tenho falado e escrevi músicas sobre isso. Nos shows, quando falo sobre isso, é uma comoção porque é um problema. As pessoas fingem que não existe problema, certo? E é um horror isso que a gente está vivendo, de negação. Negacionismo é um negócio péssimo. A melhor coisa é aceitar, enfrentar. Enquanto neguei a mim que eu sofria de um problema, eu não consegui sair. E não quer dizer que só ter a consciência vá te garantir. É um negócio difícil pra caramba. Sofri muito, fiz sofrer. Não quero isso para ninguém."
"Falo: 'bicho, eu consegui, é uma barra pesada. Você não tem que ter vergonha, você não é vagabundo. Não é falta de força de vontade, nada disso'. É uma doença como outra. A pessoa tem diabete, eu sou alcoólatra. Pronto. Não posso beber, o outro não pode comer chocolate, não posso beber. Tudo bem. Só que a bebida tem esse glamour, né? Eu digo porque eu glamourizei. Parei e tenho falado (sobre o assunto)."
FEZ OS DISCOS LÚCIDO
Por fim, o artista falou de como o vício interferiu em sua carreira e afirmou que nenhum de seus discos foi feito sob o efeito da droga, pois ele sempre prezou pela lucidez ao escolher as faixas. "Sob o ponto de vista do trabalho, é claro que tem benefícios. Tenho autocrítica exacerbada, então, de alguma maneira, o álcool dava uma diluída nisso. Porém, mesmo em todos os 40 anos de doideira que eu vivi, na hora de gravar ou de escolher a música, eu sempre estive lúcido porque a crítica depende de uma consciência de lucidez. Nada do que eu fiz nos discos, eu estava doidão", disse ele, afirmando que o sucesso exige dedicação e comprometimento. "Não sou um gênio. Eu trabalho, trabalho, trabalho, trabalho. Às vezes, dá certo. Às vezes, é bom. Às vezes, não", contou.
Com Informações do meionews